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Surto de toxoplasmose faz gestantes ficarem em alerta em Santa Maria

Foto: Charles Guerra (Diário)

Em função do surto de toxoplasmose, a principal preocupação dos órgãos de saúde e médicos é, em especial, as gestantes. Durante o pré-natal, o obstetra solicita algumas sorologias (exame de sangue que mostra quais são as principais infecções que a gestante já teve) para avaliar seu estado imunológico. Diversas infecções são de elevada importância na gravidez devido ao risco de transmissão para o feto, entre elas, a toxoplasmose.

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Os exames apontam se a paciente já foi exposta ao toxoplasma (protozoário) por meio da dosagem do IgG (imunoglobulina G) ou IgM (imunoglobulina M). A sorologia é basicamente uma dosagem de anticorpos específicos, aquela que pesquisa anticorpos contra o Toxoplasma gondii, parasita que causa a doença.

Entretanto, o infectologista Fábio Lopes Pedro alerta que, independente das gestantes apresentaram imunidade ao parasita, todas devem seguir as medidas de prevenção cuidadosamente, como o uso somente de água fervida ou mineral, cozimento adequado dos alimentos, especialmente da carne e o cuidado com a lavagem dos hortifrutis.

- Nós havíamos então divulgado para a comunidade santa-mariense que aquelas gestantes com imunidade prévia não necessitariam acatar as medidas de prevenção, e isso parece que terá de ser modificado. Em alguns surtos prévios, inclusive no Rio Grande do Sul, ficou demonstrado que mesmo as gestantes com imunidade prévia, apresentaram uma nova positivação do exame atual, com risco de transmissão do parasita ao feto. Dessa maneira, até que tenhamos elucidação do foco da infecção, nós orientamos que todas as gestantes, independente de seu estado sorológico, devem seguir as medidas de prevenção - afima. 

NOVA GESTAÇÃO
O médico infectologista Alexandre Schwarzbold, professor de Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), diz que o ideal é esperar de 3 a 6 meses para planejar uma gestação. Mesmo assim, o período depende de cada caso.

- Isso não está previsto na literatura, mas é o ideal. A toxoplasmose não cria imunidade permanente. É possível ter o contato com o toxoplasma, que o protozoário fique latente, mas, caso a imunidade baixe, os sintomas podem aparecer. A pessoa que teve e tratou a toxoplamose pode adquiri-la de novo na gravidez. Se tratado o mais rápido possível, pode ou não passar para o feto - explica Alexandre.

ROTINA DE EXAMES
O médico explica que os exames em gestantes tem que ser feitos no primeiro e no terceiro semestres (caso o primeiro dê negativo). Se der positivo, é preciso fazer o exame mensalmente para descobrir se é recente para, então, tratar.

- Não é toda gestante que tem a sorologia da toxoplamose que a gente trata, só se for recente (se o IgM der positivo). Se adquiriu 10 anos atrás, e der positivo no sangue, a gente não trata porque não vai passar para o bebê. Além das gestantes, quem tem problema no coração, no cérebro ou no olho causado pelo toxoplasma, temos de tratar - reiterou Alexandre.

Conforme Fábio Lopes Pedro, cada grávida deve ser avaliada individualmente. A rotina de exames depende do status de saúde dela.

- Ela pode ser suscetível e, dessa maneira, terá de fazer exames com periodicidade. Isso tudo está sendo organizado com obstetras da cidade. Então, nesse quesito, está sob controle - avalia Fábio.

Como ainda há risco de novas contaminações, o infectologista Reinaldo Ritzel indica que todas as grávidas devem, agora, fazer exames para detectar toxoplasmose com mais frequência.

- Para todas as grávidas de Santa Maria, tanto as que já tiveram contato anterior e têm anticorpos quanto aquelas que não têm anticorpos para toxoplasmose, a recomendação é passar a fazer o exame a cada semana ou, no máximo, duas semanas, para poder diagnosticar logo e tratar o quanto antes. Esse é o cenário ideal, mas no SUS, a orientação deve ser fazer o exame a cada 30 dias. Isso está sendo definido agora - pondera Reinaldo.

Foto: Charles Guerra (Diário)

EXAMES VÃO PARA O LACEN
Santa Maria tem um fluxo pactuado desde outubro de 2016. Segundo a secretária de Saúde, Liliane Mello Dutra, o município tem plenas condições de dar assistência às gestantes no pré-natal.

As grávidas fazem o pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Policlínica. Após os resultados de sorologia, se necessário, serão encaminhados ao Ambulatório de Gestação de Alto Risco (Agar) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), via município por meio do Sistema de Regulação (Sisreg).

Conforme a secretária de Saúde Liliane Mello Duarte, esta orientação, já existe desde da planificação, é um fluxo pactuado com a rede de Assistência à saúde da Gestante no Sistema Único de Saúde (SUS).

- Foi pactuado com os laboratórios da rede credenciados SUS, que todos os exames positivado para toxoplasmose serão encaminhados a sorologia para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS), para gestantes e população em geral, conforme protocolo do Ministério da Saúde. Gestantes com sorologia para toxoplasmose IgG reagentes, documentadas em 2017 ou antes, estão imunizadas. E mantém acompanhamento no pré-natal de risco habitual na unidade de saúde - disse a secretária.

Devido ao alto risco ao qual as gestantes estão submetidas, neste momento, a sorologia mensal que está sendo recomendada durante o pré-natal equivale ao de risco habitual para as gestantes suscetíveis. As gestantes com sorologia que predispõem a toxoplasmose congênita serão avaliadas na atenção primária e, se necessário, serão encaminhadas ao Agar.

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